
Uma pequena jóia da ficção científica portuguesa. O planeta está longe e decadente, e lá fora um sol inflado sobrepõe-se ao vento. No meio de tudo isto, uma história de amor…
“Recordação Imóvel” é um conto soberbo de um dos melhores autores portugueses de ficção científica, Luís Filipe Silva, um dos carteiros do nosso correio. Envolvida numa prosa poética, a saudade funde sonhos e esperanças, enquanto as estátuas observam…
Este conto foi publicado na antologia Inconsequências na Periferia do Império, edição da Câmara Municipal de Cascais em 1996. Foi também publicado na edição de 20 de Janeiro de 2001 do DNA, um suplemento do Diário de Notícias, com o título de O Nome Dela no Vento, bem como no site Fantastic Metropolis em 2002 e, finalmente, pela e-nigma… Podem fazer o download do excelente PDF publicado pela e-nigma pelas mãos do seu editor, Jorge Candeias.
PDF:LFS- RECORDAÇÃO IMÓVEL
O Autor fala sobre a obra
Há contos que se revelam apenas na momento da escrita. Quando este surgiu, pairava apenas a figura do Sol Irado como dominador supremo da história – um protagonista subtil, como todos na ficção científica, em que as fronteiras de personagem e cenário se confundem num plano literário invertido. Este Sol iria de facto dominar a conclusão, mas na velha tradição da FC observando as consequências, os efeitos secundários.Como o estilo deixa perceber, trata-se de um desses textos de um-momento-só. Começa-se e acaba-se, e tudo o mais é instinto. Feito às cegas apenas em duas horas, impelido apenas pela junção de imagens e frases, tem um certo cunho de prosa poética, o que é o mesmo que dizer que não surgem nele os mapas de satélite da travessia do vento. A razão não impera neste texto, transforma-se em sonho, desfaz o método científico. O que interessa é a imagem (a memória, saudade, sonho, esperança, dezenas de sinónimos sobre nada em concreto) das estátuas paradas, do que não se conseguiu, do que se deixou passar.Uma nota interessante Gay Haldeman, a mulher do Joe Haldeman, na visita a Cascais durante os Primeiros Encontros, confidenciou-me que acordou uma manhã com um pesadelo; sonhara com o sufoco daquelas estátuas, com a perseguição da memória. Creio que a invasão de sonhos alheios é talvez um dos maiores elogios que se pode fazer a um conto.É também o meu texto que mais me dá prazer ler em voz alta.
Luís Filipe Silva, Outubro de 2001
Roberto Mendes
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