A literatura Fantástica Portuguesa – Uma reflexão!

Na SF SIGNAL Luís Rodrigues escreve:

“Penso que parte do problema reside no facto de em Portugal não existir uma forte e sustentada tradição de Literatura Fantástica”.

Na minha opinião este é verdadeiramente o grande problema da literatura fantástica portuguesa. Somos como bebés, sem o devido sentido de equilíbrio, conseguimos dar alguns passos em frente mas logo caímos, por vezes duramente, no chão. Temos excelentes escritores em Portugal; Alguns mais novos (no sentido de que editam apenas à alguns anos) como Filipe Faria e Pedro Ventura (no que diz respeito à fantasia épica), com enorme potencial e grande talento. Outros mais maduros e com uma carreira mais ou menos sólida como Luís Filipe Silva, David Soares, João Barreiros.  Talento não nos falta.

O que verdadeiramente não temos é uma tradição de escrita fantástica enraizada. Também “não” temos leitores suficientes porque “ninguém” lê literatura fantástica. Enquanto escrevo consigo ouvi-los, aos pares numa livraria, dizendo “esta porcaria é para miúdos”, enquanto seguram um exemplar de um qualquer autor de literatura fantástica. Depois esse mesmo leitor, no dia seguinte, escondido pelos primeiros raios de luz da manhã, entra na livraria. Ninguém repara nele ( os seus olhos cobrem constantemente todos os cantos da livraria, o medo estampado no rosto), compra o exemplar, corre para casa com o livro escondido debaixo da camisa. Quando chega a casa tranca-se no quarto e, finalmente, lê o livro: ele ri, chora, apaixona-se pelo personagem principal, detesta os gajos que querem destruir o Universo pilotando uma nave espacial carregada de bombas, ele grita “cuidado, ele está atrás de ti”, mergulha nas páginas do livro e conhece novos mundos. Questiona-se, por que será que os Veen desapareceram. E será que os Yops vão conseguir ganhar? Depois descobre que a Terra está bem “viva”, e que os humanos estão prontos, são ainda poderosos, apenas esperavam a oportunidade.

“Que farão quando não houver mais Yops?”

O livro é fechado. Conheceu novos Universos e nunca esquecerá este conto, de Alan Dean Foster! Esconde-o apressadamente num compartimento secreto e jura ao Mundo que nunca pousou os olhos num livro de Ficção Cientifica.

É este o típico leitor português de Literatura Fantástica. Existem, claro, excepções. Não acredito na existência de Fandoms. O que acredito é nas pessoas, e todos aqueles que não se inserem na descrição referida supra são bem vindos (não importa se os seus nomes, não interessa se são o Roberto Mendes, o Luís Rodrigues ou o Joel Pulga), todos eles lutam por um melhor futuro.

Temos de nos unir, de juntar as nossas vozes para gritar bem alto ao Mundo: Temos bons escritores, temos bons leitores, temos talento e força de vontade, ligados a um coração de guerreiro. Se discutirmos entre nós, para lá da saudável troca de ideias, quebraremos a nossa unidade, iremos destruir a nossa força.

Por fim temos de juntar esforços para modificar a mente daquele típico leitor ( pois existem milhões como ele), e, quando nos erguermos em triunfo das chamas do Inferno, aí teremos a nossa tradição de Literatura Fantástica.

Mas aquilo que mais temos de fazer é escrever, escrever, e escrever um pouco mais. Numa conversa que tive o prazer de manter com um grande autor de FC, M.J.Harrison, ele disse-me várias vezes: “tens de escrever e escrever um pouco mais, tens de tentar ser quase perfeito” .

Levanto-me e aplaudo a qualquer momento algumas pessoas que têm sido sobejamente importantes para a literatura fantástica portuguesa: Luís Filipe Silva (que grande escritor), João Seixas ( Steaks Barbares é um dos contos que prefiro), João Barreiros, António de Macedo, Rogério Ribeiro (nunca esquecerei a forma como me recebeu e a força que me deu para finalizar os meus projectos), Pedro Ventura ( para mim o melhor escritor português de fantasia épica, um inovador e um amigo), Jorge Candeias (o bibliowiki é excelente), David Soares, Luís Rodrigues, entre outros…eles são, de momento, a alma do fantástico português

Aplaudo também os seguidores fieis deste blog, vocês sabem quem são. Fizeram do correio o que ele é hoje.

Quanto a mim, estou disposto a lutar por um futuro fantástico. Estou a trabalhar, com ajudas preciosas, na Dagon. Estou também a lutar por um futuro risonho para a Vollüspa. E estou disponível para qualquer projecto onde pensem que posso ajudar. No mundo da Literatura Fantástica sou um zé-ninguém, mas lutarei pelo seu futuro com paixão e muita força de vontade.

Espero que a Bang encontre os meios necessários para continuar o excelente trabalho pois a revista é fantástica (espero que possa voltar ao papel). Sei que o F.Fantástico será cada vez maior e melhor, à medida que os anos vão passando. E espero também que a EPICA volte em força, pois era um dos meus sites de leitura diária.

Questionando-se sobre o que tem sido feito na literatura fantástica portuguesa, Luís Rodrigues escreve :“Se dissesse quase nada, provavelmente não estaria longe da verdade”

Não concordo com esta observação mas, provavelmente, a mesma não estará muito longe da realidade. Talvez existam alguns excelentes escritores que ainda desconhecemos. Prometo tentar encontrá-los e divulgar a sua obra, independentemente de géneros ou de gostos pessoais, pois essa é a verdadeira razão da existência do Correio do Fantástico!

Peço-vos: não fiquem silenciosos, o silêncio é tão profundo como o Universo, o discurso é tão profundo como é perigoso, mas a literatura é tão profunda como a eternidade!

Acredito num futuro grandioso da literatura fantástica, e acredito que Portugal desempenhará um bom papel nesse futuro.

Roberto Mendes

Aqui fica o artigo original (pois foi escrito primeiro na Língua Inglesa em forma de comentário ao texto do Luís Rodrigues no SF Signal):

“I think part of the problem is that Portugal doesn’t have a strong, sustained tradition of fantastic literature”

In my opinion, this is the greatest problem regarding the Portuguese fantastic literature. We are still little babies, with no sense of balance, so we do not walk right: we take  a few steps, but then we fall hard on the ground! We have young writers with great potential ,like Pedro Ventura, or Filipe Faria , we also have good and more mature writers like Luis Filipe Silva, David Soares or João Barreiros. What we do not have is a strong tradition of writers, and we do not have for certain a great audience, because “nobody” reads science fiction or fantasy: as I write I can hear them (the potential readers) saying ” common, this crap is for kids” while they are holding a new copy of a fantasy or  of a sf writer in some book store. Then the guy (the big guy who does not read this crap) returns to the book store, on the following day, in the first lights of the morning, and while nobody watches him (looking from one side to another, his face compelled with fear) he purchase a copy of the “crap book” and runs home, with the book under his shirt. When he arrives home e looks himself out in the bedroom and reads the book: he smiles, he crys, he fall’s in love with the prime character, he hates the guys who is trying to destroy the universe with a spaceship carrying awesome bombs, he yell “look out, he is behind you”, he wonders why the Veens have disappeared, he wonders if the Yops will win, then he discovers that the Earth is still alive, the Humans are still powerful, they had been waiting, “What will they do when the Youps goes extinct?”, the book is closed, he has meet new worlds and this tale, written  by Alan Dean Foster, he will never forget! He hides the book in a secret space: he is still the great guy from the day before and he swears to the world he as never landed his eyes on a SF book.

He is the standard Portuguese reader of SF and fantasy, and horror, and all the other genres of the fantastic literature.  There are exceptions, and all that doesn’t fit the description of the average reader are welcome. I do not believe in the existence of a fandom, I do believe in the existence of people who do not fear to read Fantastic Literature, and this people (weather they are called Roberto, Mendes, Luís Rodrigues or Joel Pulga), they all fight for better days to come. But we must be united, we must join our voices, so we can scream to the world that we have good writers, we have good readers, we have talent and we have will, and all this is attached to a warrior’s heart. If we argue with each others we will broke our unity, we will tear apart our strength.

Alas We have to join forces to change the mind of that guy (because there are millions like them) and when we rise up from the ashes of hell in success, we will have a “sustained tradition of fantastic literature”.

But what we surely must do is write and write some more. In a conversation that i had the pleasure to maintain with a great sf writer, M. J. Harrison, he as told me many times that writing is a hard job, “you have to write and write some more, you have to try to be almost perfect”.

I stand up at any time to applause a some names in the fantastic literature scene of Portugal: Luís Filipe Silva (what a great writer, João Seixas (Steaks Barbares is one of my favorite tale’s), João Barreiros, António de Macedo, Rogério Ribeiro ( i will never forget the way he talked to me, when i meet him, the strength he give me to finish my projects), Jorge Candeias ( the wiki is awesome), Pedro Ventura (for me, the best fantasy writer in Portugal, and also a friend), David Soares,Luís Rodrigues, among others… They are the soul of the fantastic universe in Portugal.

I also applause the readers that often visit the Blog Correiodofantastico.wordpress.com, they are all great readers of fantasy, of sf and of other genres. They have made “Correio” what he is today.

As for me, i am willing to fight for a “Fantastic Future”, i am working on a new magazine, the Dagon!, i am also battling to gather an Anthology of short tales, The Vollüspa. And i am open to every plan any of you want me to participate. In the Fantastic Literature Scene, i am nobody, but i will fight for our future with passion and a pure heart.

I hope that the Bang! Magazine would find means to stay “alive” (it would be great if it return’s to good old paper) , this magazine is brilliant. I know Forúm Fantástico will be greater and better every year. And I sincerely wait for the Epica Association to be back on his feet’s, it was one of my every day’s reading spaces.

“If I said “Pretty much nothing at all”, I probably wouldn’t be too far from the truth”

I do not agree with this line but I do not think it is very untrue either. Maybe there are some good writers we don´t know about… I promise I will try to find and promote them the best I can.

I ask you, do not be silent, Silence is as deep as the Universe, speech is as deep as it is dangerous, but writing is as deep as the eternity J

I believe in the future of fantastic literature, and I believe Portugal will play a good part on it!

Roberto Mendes

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73 respostas a A literatura Fantástica Portuguesa – Uma reflexão!

  1. Jose Pedro Cunha diz:

    Antes de mais gostaria de felicitar o Joel Puga (e não Pulga) pelo comentário que gerou esta discussão, não porque concordo na totalidade do que diz, mas porque sei que surge de uma vontade, por certo comum a todos os leitores deste blog, e muitos outros em Portugal, de ver o Fantástico crescer no nosso país.

    Gostaria também de felicitar o autor deste texto, e todos os outros que viram nesse comentário, não uma necessidade de defender com unhas e dentes tudo o que tem sido feito até agora, mas sim uma necessidade de se proceder a uma reflexão de como é feita a divulgação do Fantástico português, e espero eu, de como poderá ser feita no futuro.

    Não me sinto capaz de fazer essa avaliação, mas sei que existem alguns nomes que são já conhecidos dos fãs do Fantástico (e eles existem!) que se “movimentam” relativamente bem no meio, e por certo existirão muitos outros que têm algo a dizer, ou melhor a escrever, de relevante. E neste género em especial, e no nosso país, uma boa parte da divulgação surge nestes espaços, nos blogs, e-zines e fóruns que tiram muitas horas de tempo livre aos seus autores. Resultado de anos e anos de relegação para segundo ou terceiro plano, os fãs do fantástico acostumaram-se conhecer nestes sítios os novos talentos do Fantástico nacional, e não nos jornais, televisões ou revistas. Por isso, associada à dificuldade inerente de se criar um espaço ou evento dedicado a este género no nosso país, surge uma responsabilidade de procurar não relegar quem tenta surgir com algo de novo e talvez até importante no Fantástico nacional. Um fã pode, quase exclusivamente, contar com os outros que partilham o seu gosto, e por isso a união será sempre a melhor arma.

    Acima de tudo, honrando o propósito deste e outros espaços, seria importante uma agregação dos interessados na divulgação do Fantástico nacional e não uma separação resultante de quezílias antigas ou procura de protagonismo, favoritismos e agregações. Eu acredito que se o permitirmos o Fantástico em Portugal pode crescer muito, mas como em quase todas as decisões em prol do bem comum, temos de prescindir de um pouco do “bem” individual.

    Cumprimentos.

  2. Olá.

    Roberto: Obrigado por terem ouvido o meu pedido, e passado este assunto para a 1ª página, onde merece estar.

    Como sabes também aposto na divulgação, mas tenho aprendido com os anos que essa divulgação, feita de forma acrítica, só pode prejudicar o género. Esse será o nosso maior desafio!

  3. igdrasil diz:

    João:
    “Acima de tudo, honrando o propósito deste e outros espaços, seria importante uma agregação dos interessados na divulgação do Fantástico nacional e não uma separação resultante de quezílias antigas ou procura de protagonismo, favoritismos e agregações”

    Penso que será esse o caminho da solução..quem sabe se no futuro próximo não surge algo que fará com que todos os apaixonados pelo fantástico possam participar:) O correio está aberto a todas as opiniões e propostas de soluções.

    Obrigado pelo teu comentário. É com a troca de ideias que levaremos o fantástico em frente:)

    Rogério,

    Não poderia deixar de aceder ao teu pedido, penso que este pode ser um bom lugar para que todos os interessados possam deixar as suas opiniões e propostas de soluções. Quero que o Fantástico português saía mais forte desta discussão!

    Tratar este tema de forma acrítica será assassinar as hipóteses de mudança: É necessário a maior presensa de espíritos Críticos!

    Deixo aqui um desafio: leiam os textos, e deixem aqui a vossa opinião, ela é muito importante. Participem, todos vocês, para que possa surgir o caminho certo da solução para este problema!!!!

    Roberto Mendes

  4. Na minha opinião, falar de literatura fantástica em Portugal, é falar de Fantasia e FC. Pelo menos nestas duas áreas ainda se vai falando (e publicando qualquer coisa). Já a o horror que também faz parte da literatura fantástica, diria que não existe, tirando uma excepção ou outra…

    Portanto, quando eu ouço um fã de Fantasia ou FC a queixar-se que pouco se faz em Portugal neste campo, deviam estar muito contentes, pois ainda se vai fazendo alguma coisa e, ainda que muito devagar e talvez não da melhor forma, o futuro avizinha-se mais promissor.

  5. Luís Rodrigues diz:

    Diz Roberto Mendes: “Tratar este tema de forma acrítica será assassinar as hipóteses de mudança: É necessário a maior presensa [sic] de espíritos Críticos!”

    Fazendo eco de uma advertência que é já um clássico: Cuidado com aquilo que se deseja.

  6. igdrasil diz:

    Rui,

    Concordo em absoluto contigo, mas existem caminhos que se podem tomar para mudar esta realidade. o blog “bella lugosi is dead” tem sido parte da mudança. Que me dizes a uma cooperação com o correio do fantástico com o objectivo de reunir contos originais de terror de autores portugueses, desconhecidos ou conhecidos, tanto faz. Assente apenas em critérios de originalidade e qualidade. Depois de reunidos proceder à sua junção em formato e-book, disponibilizar e divulgar gratuitamente. Seria talvez uma forma de começar…um caminho para a solução. Eu próprio sou um leitor assíduo de literatura de terror… Que me dizes?

    Luís,

    Desejo apenas a discussão em torno de uma reflexão iniciada por ti. Pretendo opiniões assentes em críticas construtivas para que possamos chegar a uma solução. Não quero a crítica fácil, quero a discussão saudável! E quero que todos façam parte dela!

    Roberto Mendes

  7. Olá.

    Tenho estado a seguir esta discussão e já muito foi dito. De todas as opiniões que foram aqui referidas, concordo com umas coisas, discordo de outras… Como é normal, são opiniões e cada um tem direito à sua. Ainda assim, este tipo de discussões é importante, até porque é saudável conhecer opiniões diversas e é assim que o fantástico cresce.
    Como disse o Roberto, e acho que o essencial está aqui, “Temos de nos unir, de juntar as nossas vozes para gritar bem alto ao Mundo: Temos bons escritores, temos bons leitores, temos talento e força de vontade, ligados a um coração de guerreiro. Se discutirmos entre nós, para lá da saudável troca de ideias, quebraremos a nossa unidade, iremos destruir a nossa força.”. E penso que haverá sempre diversas opiniões no que respeita ao fantástico. Haverá sempre aqueles que preferem a fantasia ou a FC ou o horror. Dentro destes géneros, haverá sempre os que preferem um autor ao outro, os que gostam e o que não gostam de um determinado subgénero.
    Por isso acho que o fundamental é o respeito. Para gostos diferentes, leituras diferentes, e o que uns acham menor e pouco imaginativo pode ser o que outros apreciam. A partir do que já li dos autores nacionais do género, acredito que talento e dedicação não faltam, ainda que muitos autores (eu entre eles) se centrem na fantasia mais épica ou medieval. E também acredito que há lugar para todos, para os que privilegiam um fantástico mais alternativo e para os que preferem leituras mais “comerciais”.
    Haja convivência entre os que cultivam e divulgam o género. Troquem-se ideias, de forma saudável, aceitando a opinião e o gosto pessoal de cada um. E hajam projectos como a Bang, a Dagon, a Vollüspa e todos os outros que se dedicam à divulgação do género.
    E que a imaginação continue a crescer, sempre maior e melhor!

  8. Luís Rodrigues diz:

    Roberto:

    “Desejo apenas a discussão em torno de uma reflexão iniciada por ti. Pretendo opiniões assentes em críticas construtivas para que possamos chegar a uma solução. Não quero a crítica fácil, quero a discussão saudável! E quero que todos façam parte dela!”

    Também eu, mas a situação, que não é inédita, é que vocês pedem críticas quando na realidade esperam elogios. Contudo, ter espírito crítico implica a dolorosa experiência de expor ou ver expostas as nossas predilecções numa luz pouco favorável. Implica não necessariamente concordar com as críticas, mas aceitá-las num espírito de tolerância, e refutá-las sem cair em atitudes pueris, acusações disto e daquilo, punhos em riste “e ai de quem me quiser calar!”, ameaças ou insultos pessoais.

    O que tentei fazer no meu texto para o SF Signal foi precisamente olhar com algum desse espírito crítico para o panorama nacional, e acredita que não foi algo de que me tivesse orgulhado — preferia poder ter dito que este é um mercado a crescer em atitude, altitude e amplitude, com vários bons livros de ficção científica, fantasia e horror, se não todos os meses, pelo menos todos os anos. Infelizmente, não é o caso, e o que observo em Portugal são estes géneros eivados de obras medíocres (quando não mesmo péssimas) quer a um nível criativo, quer de maturidade, quer do próprio português escrito, com poucos focos de competência ou inovação que os redimam. Desta forma não posso, em consciência, recomendar obras que não atinjam um patamar de excelência a par das minhas expectativas — e se também não enumerei os piores exemplos, foi porque não tive intenção de humilhar ninguém num palco internacional. Por outro lado, também não posso recomendar aquilo que não li: e se há uma pérola perdida no meio da estrumeira, desde já me penitencio e ofereço a mão à palmatória.

    A minha opinião é a minha, tal como as exigências que presidem à sua evolução. Ofereci-a porque alguém ma pediu, por razões que essa pessoa entendeu. A caixa de comentários do SF Signal está aberta para os restantes, e esses não só ninguém os cala, como são encorajados a participar.

  9. igdrasil diz:

    Luís,

    “Também eu, mas a situação, que não é inédita, é que vocês pedem críticas quando na realidade esperam elogios.”

    Não me revejo nesse “alguém” que na realidade quer elogios. Não se coaduna com a minha personalidade. O que eu quero é que se discuta em torno deste tema e que cada um de nós possa adiantar uma solução. é que realmente concordo com o facto de que o fantástico em Portugal, especialmente a FC e o Terror, é quase inexistente. Existem bons e maus autores de fantasia.

    Afastando-me da esfera do problema, para me aproximar da esfera da solução, pergunto-te: que solução existe para este problema? Qual a tua opinião? O que achas que deve ser feito?

    “l. Implica não necessariamente concordar com as críticas, mas aceitá-las num espírito de tolerância, e refutá-las sem cair em atitudes pueris, acusações disto e daquilo, punhos em riste “e ai de quem me quiser calar!”, ameaças ou insultos pessoais.”

    Não penso ter tido nenhuma atitude desse género. Não é o meu estilo!

    Roberto

  10. Luís Rodrigues diz:

    Olá, Roberto: Para esclarecer, não me estava a referir a ti, a tua reacção foi bem mais temperada.

  11. pventura diz:

    “perdida no meio da estrumeira”

    Nem é por mim, mas chamar de estrumeira ao trabalho dos meus colegas é de um nível mesmo baixo. Tão baixo que logo se vê quem está a chafurdar…

    Com esta tirada do Luís ( apenas um exemplo ) eu me retiro desta discussão para o meu canto, de onde não deveria realmente sair… Ele apenas ficará feliz quando assumirmos que somos o “estrume” que não merece qualquer tipo de elogio, nem tem capacidade para elogiar o que escape dos seus padrões, o tal patamar divino de excelência.

    PS: Apaguei os meus comentários anteriores sobre este tema. Sei claramente qual é a intenção deste sujeito.

    • Álvaro Holstein diz:

      Realmente a estrumeira foi uma tirada de mau gosto e pouca elagãncia, nada mais, pelo que deve ser ignorada. Não posso contudo concordar com a tua “retirada” sobretudo porque afirmas saber quais as intenções “do sujeito”. Se sabes deves é denunciar aqui ou onde achares melhor as mesmas.

      Ficar no canto a remoer é apenas inconsequente.

      Claro que muitos dos trabalhos publicados são menores, o mais grave é que muitos desses sejam apresentados como se de obras primas se tratassem.

      É este tipo de coisas que se deve condenar e falar delas abertamente é o único caminho.

      Acho que se deve ser tolerante perante novos autores, sobretudo dizer-lhes o que se acha estar mal e assim tentar que o que vier a seguir seja melhor.

      Fundamental será também, sem qualquer receio, pôr a descoberto a hipocrisia daqueles que apenas procuram o vedetismo.

  12. Caro Roberto Mendes,

    Acho a ideia muito interessante e teria imenso gosto em avançar com ela.

    Se puderes envia-me um email com o teu contacto para podermos falar melhor,

    Rui

  13. Luís Rodrigues diz:

    Caro Pedro Ventura, quem diz estrume pode também estar a falar de fertilizante!

    Já agora, indica-me em que parte da discussão me referi a ti como “estrume”. Em nenhuma, pois claro. Sabes lá se eu li os teus livros ou não.

  14. Luís Rodrigues diz:

    Pedro,

    Quando quiseres parar de editar os teus comentários, avisa. Até lá vai ser difícil perceber os teus pontos de vista, pelo que não vale a pena continuar uma discussão nestes moldes.

  15. Jose Pedro Cunha diz:

    E em pouco mais de 24h confirmou-se o que o Joel Puga (e não Pulga) tinha denunciado!

    Ass: Jose (e não João) Pedro Cunha!

  16. igdrasil diz:

    Jose,

    Peço, em primeiro lugar, a si e ao Joel, desculpa pela troca de nomes, tal deve-se a uma enorme carga de trabalho que tenho suportado estes dias, retirando-me um pouco da atenção. Não volta a acontecer.

    Realmente, parece-me também que o Joel tinha alguma razão. Tenho tentado manter esta discussão com um propósito principal: a apresentação de soluções. Parece-me que, por enquanto, o Luís se tem concentrado em problemas menores e em trocas de palavras menos salutares em vez de apresentar soluções. Estou ainda à espera das opiniões, tanto dele como dos restantes, sobre o que deve ser feito. Pois já sabemos que existe um problema. Não vamos discutir isso, vamos sim discutir soluções. Parece-me, no entanto, que desta discussão já foi encontrada uma medida concreta para a literatura de Horror. Certamente existirão outras soluções para os restantes géneros. Obrigado por participar nesta discussão:)

    Roberto

  17. Bom dia.
    Continua a parecer-me que, quando devia seguir por um caminho de troca de ideias e procura de soluções, esta discussão concentra-se, em vez disso, em insistir no problema. Vou abster-me desse aspecto. Acho que já disse o que tinha a dizer sobre o assunto: um pouco de respeito e de consciência de que o gosto e opinião de cada um são apenas isso não fazem mal nenhum.
    Quanto a encontrar soluções (porque é disso que se trata), parece-me que a ideia do ebook com contos no género do horror é muito boa e, não só um projecto a preservar como a seguir. É apenas um início, talvez, mas uma boa ideia, e que poderia ser alargada aos restantes géneros. Porque não seguir a mesma ideia com a FC, por exemplo? E mesmo com a fantasia que, apesar de já bastante presente, comparativamente aos outros géneros, não perdia nada com novas iniciativas.

  18. Jose Pedro Cunha diz:

    Sim, Roberto e Carla, o caminho é discutir soluções, o problemas já sabemos que existe.
    É bom ver que já parece nascer uma ideia para a divulgação do Horror. A minha sugestão é porque não uma e-zine com tres secções distintas, reservadas á Fantasia, ao Horror e à FC? Ou então, a mesma e-zine dedicar-se, em cada número, a um destes temas rotativamente? Penso que poderá surgir desta discussão algo de muito interessante, que certamente não resolverá sozinha o problemas, mas que é um bom passo em frente e talvez para já, é o possível.
    Naquilo que me compete deixo desde já a minha disponibilidade, não só para continuar a discutir soluções e ideias, como também para contribuir para a sua concretização e divulgação.

    Como sempre pensei, discussões destas podem trazer algo de positivo, e é isso que parece estar a acontecer.

    Cumprimentos a todos.

  19. Joel Puga diz:

    Quanto a soluções.

    Para começar, uma certa dose de respeito. Acho que ninguém pediria ao Luís Rodrigues que recomendasse por nome autores que, na sua opinião, não devia recomendar, agora uma referência no texto original dizendo que existem autores de projectos (por muito incipientes e maus que o Luís pense que são) a trabalhar e a tentar fazer alguma coisa pelo género teria ficado bem, em vez de decidir ignorar ou relegar para imitadores do Paolini todos os que não são da sua “cor”.

    Por outro lado, não sei se a eterna aposta na qualidade e originalidade será o mais correcto, mas mais uma aposta de na diversidade e quantidade.
    Isto porque, por um lado, qualidade é um termo muito difícil (se não impossível) de definir e quantificar. Ainda há pouco se tentou, mais uma vez, no forum bbde determinar o que é a qualidade e a conclusão a que se chegou foi a do costume: nenhuma.
    No que refere a originalidade, é preciso perceber que os tropos e clichés do fantástico mais derivativo foram, ao longo dos tempos, acumulando uma certa carga emocional. Sendo o ser humano não só uma criatura de intelecto, mas também de emoções, penso que o entusiasmo e outros sentimentos que a fantasia (e o fantástico em geral) mais derivativo despertam (assim como a sua mensagem geralmente positiva) podem ser tão importantes no desenvolvimento e crescimento do leitor como a mais profunda das reflexões filosóficas sobre temas eternos ao ser humano como a milésima recontagem do senhor dos anéis ou a mais pulpish história ao estilo do Howard. Obviamente, não estou aqui a dizer que toda a fantasia deva ser uma manta de retalhos do que foi escrito antes, com pouca ou nenhuma variação, digo que deve haver uma certa medida de respeito por este tipo de obras, que também têm o seu lugar nas nossas livrarias e nas nossas.

    Por fim, discordo totalmente que toda a literatura (especialmente a fantástica) deve ser incomodativa e “desafiadora” (daí eu ter “batido” mais do que uma vez no epic pooh do moorcock). Acho que existe lugar, leitores e momentos para uma literatura mais comodista, desde que, obviamente, quem a ler saiba o que está a ler.

  20. Bom, não há como ir conversando para esclarecer os pontos de vista.

    Para isso, há que saber conversar. O que, infelizmente, nem toda a gente parece saber. Mas também é preciso saber ler…

    Admito que inicialmente a coluna do Luis no SF Signal não se diferenciou do que sei ser a opinião tradicional dele, portanto não lhe dediquei muito do meu (escasso) tempo livre. Depois, com o surgimento da polémica aqui no Correio, reli-a rapidamente, com os olhos filtrados pelo que estava a ser escrito aqui. Aqui disse pouco. Mas emiti algumas opiniões em privado, directamente ao seu autor, porque nem tudo se diz em público, principalmente quando se quer “admoestar” um amigo. Além disso, a minha atenção nessa altura estava mais tomada pelas acusações em relação à intencional exclusão de alguns autores do FF.
    Hoje, conversando sobre o assunto com a Safaa, e vendo que as nossas interpretações de toda esta polémica discordavam em vários aspectos, voltei a reler o post original. Principalmente a parte mais contestada:

    “Given the situation, it is unsurprising that the vast majority of Portugal’s genre writing tends to be lifted from popular trends in fantasy fiction abroad: Tolkien is a favourite subject for emulation, especially after the movie adaptations, and as far as I could read, no writer of fantasy in Portugal has ventured off this beaten path in the same way that, say, Gene Wolfe, Jack Vance, Michael Moorcock or Stephen R. Donaldson have in the United States and England. The popularity of young writers like Christopher Paolini has also made our publishers receptive to teenagers wanting to follow in his stumbling, foal-like footsteps — with occasional masterpieces of unintentional humour as a result.”

    Se lermos bem, o Luis separou duas vertentes, em termos de fantasia épica portuguesa: i) escritores que tomam Tolkien como exemplo, ii) adolescentes que tomam Paolini como exemplo.

    As minhas desculpas ao Luís, por não ter ficado logo com uma ideia clara dos seus argumentos. Realmente, voltando a ler friamente todo o post, não creio que haja nada de insultuoso para os autores nacionais.
    Infelizmente, no decorrer da polémica, o Luís terá contribuido ele próprio para a perda de clareza (e justeza) do seu argumento inicial; ao qual penso que o Joel terá reagido inicialmente em excesso… talvez por conta da tal “carga emocional” (todos sabemos como às vezes, com o copo cheio legitimamente, acabamos por transbordar sem razão!).

    (post continua)

  21. Carla:

    Completamente de acordo, mas, não estás a descrever a Dagon?! 😛
    E a Bang!, claro. Embora possam já dizer que o foco da Bang! tem sido outro público.

    Aliás, a diversidade de fontes é mesmo isso que permite. Daí ser ideal que hajam muitos e-books diferentes, mas imagino que o Roberto, e mesmo tu, estando a apostar no lançamento da Dagon, não estejam disponíveis para criar ainda outra “fonte”, com características e públicos diferentes.

    • Tens razão, realmente estou a descrever projectos no estilo da Dagon e da Bang, cada uma com as suas diferenças e público alvo.
      Quanto à disponibilidade, é verdade que já estou metida nuns quantos projectos, mas, dependendo do tempo e do que for necessário fazer, posso encontrar alguma disponibilidade para entrar em novas ideias. Mas vamos andando aos poucos, não é? E a Dagon já é um grande projecto. 🙂

  22. Roberto:

    Pode parecer uma questão de semântica, mas a solução para o problema já toda a gente a deve saber e passa pela palavra “crescimento”, a vários níveis.

    Portanto, tu deves estar a querer “medidas concretas” e não “soluções”! 😛

    Mas isso é a minha opinião, que sou um gajo que dá muito peso às palavras! 😉

    (post continua)

  23. Joel:

    1) Pelo que disse no post mais acima, acho que se leres bem o post do Luis vais ver que ele fez isso mesmo: reconhecer a existência de alguns autores na área (apesar de não serem do gosto dele, mas isso ninguém poderá censurar-lhe ;)).

    2) Quanto ao resto do teu último post, concordo bastante com a filosofia qye revelas, á excepção de um “pormenor”.
    A dicotomia poderá ser “original/derivativo”, perfeitamente de acordo, e ambas as vertentes têm a sua importância, mas nunca colocar a “qualidade” como peso num dos lados da balança!
    A “qualidade”, para mim, é mais fácil de definir do que apregoas. É aplicada à tarefa de escritor, como à de médico, taxista, ou qualquer outra. É a capacidade de fazer bem. No caso do escritor, é saber se usa bem a língua portuguesa, se sabe estruturar uma história, se sabe manter a consistência ao longo da mesma. São aspectos práticos, objectivos. E repara que aqui nem incluo a eficácia ou não da história (se é maçuda ou se lê sem parar, por exemplo), já que isso já pode variar entre leitor. E aí, já pode ser um caso do editor avaliar se aquele tipo de escrita/narrativa se adapta ao público alvo da sua publicação. Mas entretanto, antes de chegar a este “crivo”, o autor já passou pelo crivo da qualidade.
    E, infelizmente, são estas coisas que muitas pessoas confundem. Já para não falar dos autores que confundem críticas sobre qualidade de escrita com críticas pessoais. Mas isso é outra história…

  24. joel puga diz:

    Até concordo com as sua definição de qualidade, agora, para mim, a dificuldade na definição da mesma advém da dificuldade que existe em isolar os elementos objectivos que enunciou dos subjectivos. Isto é, qual a importância que cada pessoa dá a cada um desses três factores e até que ponto outros factores mais subjectivos compensam falhas que possam existir.

  25. igdrasil diz:

    “Portanto, tu deves estar a querer “medidas concretas” e não “soluções”! :P”(Rogério)

    Obrigado Rogério; Esta estava a escapar-me:)

    “A minha sugestão é porque não uma e-zine com tres secções distintas, reservadas á Fantasia, ao Horror e à FC? Ou então, a mesma e-zine dedicar-se, em cada número, a um destes temas rotativamente?”(Jose)

    Parece-me uma excelente ideia a aplicar na Dagon! Depois do primeiro número poderia dedicar-se cada edição a um género literário, mantendo a diversidade que o primeiro número irá trazer (música, jogos de tabuleiro, desenho, banda desenhada, etc…);

    “Naquilo que me compete deixo desde já a minha disponibilidade, não só para continuar a discutir soluções e ideias, como também para contribuir para a sua concretização e divulgação.”

    Agradeço a disponibilidade, toda a ajuda será bem vinda:)

    Joel: “Por outro lado, não sei se a eterna aposta na qualidade e originalidade será o mais correcto, mas mais uma aposta de na diversidade e quantidade.”

    Penso que, como escreve o Rogério, não se pode abdicar da qualidade nos textos, sob pena de ferir ainda mais os géneros, ao invés de ajudar. E esta qualidade, em conjunto com a originalidade ou mesmo abstraindo desta, deve ser aferida por um júri assente numa base de imparcialidade.

    “No que refere a originalidade, é preciso perceber que os tropos e clichés do fantástico mais derivativo foram, ao longo dos tempos, acumulando uma certa carga emocional”

    o Jorge Candeias escreveu um excelente artigo para a Dagon, onde trata estes clichés…a não perder!

    “Obviamente, não estou aqui a dizer que toda a fantasia deva ser uma manta de retalhos do que foi escrito antes, com pouca ou nenhuma variação, digo que deve haver uma certa medida de respeito por este tipo de obras, que também têm o seu lugar nas nossas livrarias e nas nossas.”

    Concordo em absoluto contigo.

    Rogério: “Daí ser ideal que hajam muitos e-books diferentes, mas imagino que o Roberto, e mesmo tu, estando a apostar no lançamento da Dagon, não estejam disponíveis para criar ainda outra “fonte”, com características e públicos diferentes.”

    A partir de um de Agosto estou disponível para criar mais um projecto. Agora é necessário apostar na Dagon, na sua conclusão e lançamento!

    Fico muito feliz por ver um grupo de pessoas a discutir este problema da forma como está a acontecer aqui. E fico ainda mais feliz pelos progressos que se têm registado…

    Um grande abraço a todos!

  26. Pingback: Lex Talionis « Stranger in a Strange Land

  27. Safaa Dib diz:

    Uma vez que o Roberto Mendes colocou um comentário no meu blogue a convidar-me a participar na discussão, fi-lo colocando um post (algo extenso) no meu próprio blogue. Para quem desejar ler, basta clicar no link em baixo. Acredito que possam aprender umas coisas com a minha humilde experiência, se estiverem dispostos a isso:

    http://retratos.wordpress.com/2009/07/19/lex-talionis/

  28. Luís Rodrigues diz:

    “Por fim, discordo totalmente que toda a literatura (especialmente a fantástica) deve ser incomodativa e “desafiadora” (daí eu ter “batido” mais do que uma vez no epic pooh do moorcock). Acho que existe lugar, leitores e momentos para uma literatura mais comodista, desde que, obviamente, quem a ler saiba o que está a ler.”

    O “Epic Pooh” é um ensaio sobre obras como _Winnie the Pooh_ (daí o título), _Watership Down_ ou _The Lord of the Rings_ e de como estas foram influenciadas por um provincianismo conservador e tipicamente britânico chamado “Merry Britain”. Naturalmente, como homem de esquerda e atento às ideologias no subtexto de cada um destes livros, o Moorcock repudia-os e quem quiser que concorde, quem não quiser que não concorde.

    Eu cá nem sequer tenho em consideração os factores políticos das obras que vão surgindo em Portugal. Se aparecer um fascista qualquer a escrever boa fantasia, que remédio tenho eu senão reconhecer-lhe o mérito, por muito que me desagrade a sua ideologia.

    Mas infelizmente, como muito bem diz o Rogério, há o crivo objectivo da qualidade do português, e aí começam a cair os ídolos. Depois temos a questão da narrativa: sua estrutura, coerência e ritmos. A naturalidade nos diálogos. A consistência da dicção. A sensibilidade para a ironia. Coisas que dizem respeito a qualquer texto, independentemente do género, e não me sinto na obrigação de publicitar obras escritas sem consciência de que estas coisas existem e foram refinadas ao longo de séculos. Quer queiram seguir um modelo estabelecido, ou experimentar com outros modelos, não posso (nem quero) apregoar obras em que preside uma ignorância fundamental em relação à generalidade da literatura.

    Da mesma forma, também não elogio quem imita de forma ingénua, mercenária ou literalista certas obras ao mesmo tempo que lhes ignora a carga simbólica e subtextual, que sendo adequada aos seus objectivos específicos, talvez não o seja para os de diferentes escritores. Como escreveu Ray Bradbury, ao falar das suas primeiras tentativas literárias fracassadas, às vezes há que saber rejeitar certos autores enquanto ídolos e mantê-los como paixões.

    Já agora, o Rogério incomodou-se com a minha referência à pérola na estrumeira — mas se eu tivesse invocado a célebre “lei de Sturgeon”, a que diz que 95% de TUDO é lixo, isso já seria mais aceitável?

  29. JO diz:

    Bem, como simples leitor que sou não vou propriamente falar aqui do recheio da literatura do fantastico em Portugal – que não tenho conhecimento suficiente para o fazer, uma vez que tirando algumas coisas de ficção cientifica, e agora uma rapaziada nova que anda a escrever umas cenas épicas muito ao geito do que vem lá de fora às carradas sobre dragões e sobre o imaginário feminino celta, sou de opinião que o que chega aos escaparates das livrarias para o grande público é muito pouco, quase nada – mas falar do invólucro, daquilo que atrai as pessoas e chama a atenção delas, mesmo antes de conhecerem o produto em si.
    Lembro-me aqui de uma editora, a Editorial Caminho, que durante um tempo fazia apostas em escritores de ficção cientifica nacionais (não sei se mantem essa aposta). Mas a forma como eram lançados naquela edição da Caminho – Ficção Cientifica era execrável. A qualidade do papel era má (não só dos escritores portugueses mas de toda a colecção), a capa horrível (toda em azul e um quadradinho com um desenho manhoso), as dimensões do livro tambem para mim não me pareciam as mais correctas e, se comprassemos o livro e o arrumassemos na estante, ao fim de um ou dois anos começava-se a descolar a lombada (muito ao estilo dos livros de bolso da Europa-América). Enfim, tudo levava ao afastamento da compra do livro pelo comum e normal leitor, aquele leitor que não era fanático consumidor do género mas sim aquele aquele que tem curiosidade em ler um autor português e, quem sabe, tornar-se mais tarde fã desse escritor (e quem sabe mais um adepto do género fantástico).
    Eu contra mim falo já que não comprei muitos livros dessa colecção já que sempre fui de opinião que um livro não é para ler e deitar fora, mas sim para ler e reler mais tarde. Logo, o livro tem que ter o minimo de qualidade e apresentação e não se desfazer após a primeira leitura.
    Por isso faço um apelo aos agentes editoriais do género fantastico que pretendam editar autores nacionais e que por algum motivo leiam isto, apostem em edições cuidadas com capas e lombadas decentes, e não reneguem os autores portugueses para edições de cordel só para terem no vosso curriculo que editam autores nacionais. Obrigado pelo tempo que demoraram a ler isto e as minhas desculpas pelo testamento.

  30. I was there when it all began, I’ll be there when it all ends…

    Permitam-me debitar aqui, de forma extremamente sumária, a minha dose de pessimismo. Confesso, antes de mais – e penso que o Luis Rodrigues não levará mal que o revele – que o texto que deu origem a esta celeuma me foi dado a ler antes de ser publicado. Confesso, também, que foi dos textos que mais me custou a ler. E custou-me a ler por duas coisas: 1) Porque é um texto que traça um quadro deprimente do Fantástico Porrtuguês; 2) Porque é um texto absolutamente fiel à realidade.

    Foi o meu comentário ao Luís Rodrigues: “Perfeito, não lhe acrescentaria uma palavra”.

    Quando escrevi esse comentário, tinha lido o texto três ou quatro vezes, à procura de uma ponta a qual atar a minha discordância. Mas – objectivamente, e é objectivamente que as coisas têm que ser ditas – não há nada naquele texto que fuja à verdade. Bem me gostaria ver ali referido o meu papel no desenvolvimento do Fantástico, ou da Livros de Areia, ou a importãncia das noveletas que publiquei rcentemente ou da antologia que agora chegou às livrarias. Mas é uma apreciação objectiva que temos de fazer do texto do Luís Rodrigues, e essa apreciação objectiva não permite veleidades optimistas. Porque é uma coisa muito distinta termos três ou quatro autores que publicam um bom romance, ou um punhado de noveletas interessantes, e termos um mercado do fantástico em crescimento em Portugal.

    E a verdade é só essa, não temos. Noto que após vários comentários o tom da discussão está menos azeda, a Safaa fez uma excelente súmula no seu próprio blogue (ecoando, inclusivamente algumas reticências que sempre senti quanto ao modelo demasiado aberto e generoso do FF, tal como já em 2000 tinha manifestado quanto aos últimos encontros da Simetria) e começa a respirar-se o pior dos ares no que ao Fantástico concerne. Sim, leram bem, o pior dos ares…

    Porque se há uma coisa que o Fantástico não precisa neste momento, é e falsos consensos e soluções artificiais. O Roberto disse a certo passo, que o problema está identificado, são precisas é soluções concretas. Correcto. Mas nunca se conseguirão encontrar soluções concretas sem serem identificadas as causas concretas do problema. Porque não adianta tratar os sintomas e ignorar a causa subjacente à doença.

    E todas as soluções que foram adiantadas neste longo debate, já foram tentadas antes e todas falharam redondamente: e-zines? Check. Mais publicação? Check. Vamos dar todos as mãos e cantar hossanas em torno da fogueira? Check.

    Acho que é importante lembrar – como ainda há pouco tempo escrevi no Blade Runner – que o Fantástico nacional não começou ontem, nem começou em 2000, nem começou com o FF, nem com o Filipe Faria na Presença, nem com as adaptações cinematográficas do Tolkien. O Tolkien foi publicado pela primeira vez em Portugal em 1981, pela Europa-América. Estes novos “revolucionários” da “cena fantástica nacinal” se calhar nem eram nascidos nessa altura.

    Pois bem, como a Safaa bem referiu, os membros do famigerado Fandom estiveram sempre lá: estiveram lá quando surgiu a Colecção da Caminho, e estiveram lá quando ela acabou. Estiveram lá no começo da Simetria, e estiveram lá quando ela acabou, Estiveram lá no começo da lista de Ficção Científica, e estiveram lá quando ela acabou. Estiveram lá no começo do FF e estarão lá quando ele terminar. Viram os trekkies chegarem e partirem, os scifreaks, os lovecraftianos, etc…. Os membros do Fandom estiveram no Forum Fantástico a assistir a lançamentos que não lhes interessavam, em que os autores entravam com a sua comandita de fãs, falavam e saíam, arrastando essa mesma comendita, que não ficava para assistir a mais nenhum evento.

    Os membros do Fandom, que são sempre os mesmos, estiveram lá quando a BANG! era em papel e estão lá com ela digital. Estiveram lá quando os primeiros blogues extra-fandom surgiram e colaboraram com eles. Nunca regatearam nada e nunca cobraram nada.

    Mas já viram de tudo e já tentaram de tudo.

    Falou-se a certa altura de animosidade contra a literatura comercial. Falou-se de respeitar os gostos pessoais. Falu-se essencialmente de egos. Mas só muito levemente se falou daquilo que interessa: qualidade.

    E dos elementos que moldam essa qualidade, pouco se disse. Porque o que define a qualidade do que se faz, é a interacção de editores, autores, críticos e leitores.

    O que seria importante fazer, seria definir os valores concretos dessa equação: os nossos editores, como lhes compete, editam aquilo que dá lucro; os nossos autores, escrevem aquilo que lhes apetece; os nossos críticos não existem; o público leitor do fantástico, em virtude dos outros três factores, e concorrencalmente com eles, é mal formado literariamente.

    Porque é verdade, os gostos não se discutem, mas educam-se. Ora, apreciando as raízes dos nossos leitores, é fácil discernir três factores mais ou menos constantes:

    1) Não conhecem mais do que aquilo que foi traduzido recentemente para português;
    2) São principalmente influenciados pelo cinema, pela BD e pelos videojogos;
    3) São pouco arrojados na procura de novas experiências de leitura.

    É verdade que não é o caso de todos os leitores, mas sem dúvida que o é de uma vasta maioria. (Ainda recentemente pedi a um jovem leitor que justificasse uma escolha feita, indicando-me o último BOM livro de fantástico não-americano que tivesse lido, e o último MAU livro de fantástico americano que tivesse lido. Fiquei sem resposta.)

    Os autores padecem de problemas semelhantes:

    1) Tendem a escrever em imitação daquilo que gostam;
    2) Demasiado jovens e sem conhecimentos de técnicas ou obras que lhes permitam construir uma narrativa coesa, elegante e de qualidade;
    3) Desconhecem a história e desenvolvimento do género em que escrevem e da literatura em geral.

    Os críticos, esses, são inexistentes:

    1) As revistas literárias, em geral, não dão espaço a críticas, mas apenas a textos de divulgação: outro erro deste debate, é aquele tentarem distinguir críticas positivas de críticas negativas – isso não existe. Todas as críticas – desde que sejam uma crítica, e não uma mera opinião – são positivas;
    2) Os próprios blogues limitam-se a escrever textos de divulgação e não de crítica (é, também o meu caso, com a excepção de que como sou contra essa prática, quase não faço divulgação): é certo que a crítica é MUITO trabalhosa; veja-se o caso do CÍRCULO DE LEIBOWITZ. Onde estão as participações do pessoal de fora do Fandom?
    3) Inexiste um padrão de qualidade e, consequentemente, inexste uma exigência de qualidade;
    4) As opiniões assentam ainda num dos piores erros pedagógicos do nosso sistema de ensino: de que é o esforço, e não a qualidade, que deve ser recompensada (não é possível, Roberto, por exemplo, incluir na mesma frase as palavras Filipe Faria e excelente sem cair no total descrédito dos nossos padrões de exigência).

    Quanto aos Editores, esses vou deixá-los um bocado off the hook, porque cada vez mais sou obrigado a reconhecer o seu papel de investidores: procuram o lucro, independentemente da qualidade. Alguns há, como o Luís Corte Real ou o Pedro Marques, que vão, em graus distintos, labutando pela qualidade. Acredito que na Presença, na Gailivro e noutras editoras, a vitalidade das colecções juvenis vão permitindo a inclusão de um ou outro autor de qualidade (Kate Wilhelm na Gailivro, Neil Gaiman na Presença, por exemplo). A única crítica real que penso pode ser apontada aos nossos editores é o facto de não apostarem na profissionalização dos autores nacionais. Mas, provavelmente, muito do que disse supra explica essa situação.

    Ora, das “soluções” propostas noutros pontos deste debate, não vi nenhuma que não tivesse sido apresentada e tentada antes. A ideia do e-book de horror é interessante, mas vai bater em todos os problemas que referi acima: não terá custos, logo a qualidade será baseada na disponibilidade dos autores; não terá preço, pelo que será impossível aferir a receptividade do público; aposta num género que – penso que todos reconheceram – não existe em Portugal (com a excepção do David Soares), e esperam obter uma colecção de qualidade à primeira (coisa que nem na FC, o mais antigo dos géneros em Portugal, se consegue).

    Lamento se pareço demasiado negativo, mas vesti demasiadas peles neste Fandom (autor, crítico, editor, tradutor, divulgador, antologiador) para encarar todas estas situações com optimismo. Sobreudo porque continuo a ouvir todas as cabeças a enterrar-se na areia quando falamos de “qualidade”. De ouvir o que supra se disse, parece que a qualidade se limita ao gosto pessoal. Se esse fosse o caso, meus caros, todos seríamos autores, todos seríamos editores, todos seríamos críticos… e não haveria ninguém para nos ler.

    Antes de tentar novas soluções, é preciso responder a duas perguntas:

    1) Que aconteceu ao Fantástico em Portugal. Para onde foram os leitores que abandonaram as colecções que existiam, onde estão os leitores de obras adultas de qualidade?

    2) Como educar os novos leitores para a leitura?

    Parece fácil, não parece?, mas tentem responder.

    E ao faze-lo, lembrem-se, nós estavamos lá quando tudo começou, vamos lá estar quando tudo tiver terminado.

    Um abraço,

    Seixas

    • Álvaro Holstein diz:

      Foi, infelizmente, com atraso que li estas pérolas:
      «Foi o meu comentário ao Luís Rodrigues: “Perfeito, não lhe acrescentaria uma palavra”.
      Quando escrevi esse comentário, tinha lido o texto três ou quatro vezes, à procura de uma ponta a qual atar a minha discordância. Mas – objectivamente, e é objectivamente que as coisas têm que ser ditas – não há nada naquele texto que fuja à verdade. Bem me gostaria ver ali referido o meu papel no desenvolvimento do Fantástico, ou da Livros de Areia, ou a importãncia das noveletas que publiquei rcentemente ou da antologia que agora chegou às livrarias. Mas é uma apreciação objectiva que temos de fazer do texto do Luís Rodrigues, e essa apreciação objectiva não permite veleidades optimistas.»
      Realmente imperdoável não referir o papel de destaque do autor deste texto.

      «Acho que é importante lembrar – como ainda há pouco tempo escrevi no Blade Runner – que o Fantástico nacional não começou ontem, nem começou em 2000, nem começou com o FF, nem com o Filipe Faria na Presença, nem com as adaptações cinematográficas do Tolkien. O Tolkien foi publicado pela primeira vez em Portugal em 1981, pela Europa-América. Estes novos “revolucionários” da “cena fantástica nacional” se calhar nem eram nascidos nessa altura.»
      Realmente depois de um tom doutoral como este, seria de esperar que ao menos as referências estivessem correctas e não estão. Sobre a publicação de Tolkien – http://www.bbde.org/index.php?showtopic=529&st=1772 – que foi em 1962 e realmente muita gente num era nascida ou ainda não lia como eu.

      «Pois bem, como a Safaa bem referiu, os membros do famigerado Fandom estiveram sempre lá:….» «Os membros do Fandom estiveram no Forum Fantástico a assistir a lançamentos que não lhes interessavam, em que os autores entravam com a sua comandita de fãs, falavam e saíam, arrastando essa mesma comendita, que não ficava para assistir a mais nenhum evento.»

      Tal como tinham estado em Aveiro, onde me lembro de ter visto por exemplo o João de Mancelos e em alguns acontecimentos como Eurocons e Hispacons, a falar da FC e F Portuguesa. E aí não se passaram tais coisas. E pergunto: quando se passaram alguém disse alguma coisa?
      É que tomar atitudes tem consequências.
      E depois passamos à arrogância mais pura:
      « Porque é verdade, os gostos não se discutem, mas educam-se. Ora, apreciando as raízes dos nossos leitores, é fácil discernir três factores mais ou menos constantes:
      1) Não conhecem mais do que aquilo que foi traduzido recentemente para português;
      2) São principalmente influenciados pelo cinema, pela BD e pelos videojogos;
      3) São pouco arrojados na procura de novas experiências de leitura.»

      A de o fã ter de ler em inglês o que acabou de sair é uma ideia peregrina que sempre teve acolhimento naqueles « … autores entravam com a sua comandita de fãs, falavam e saíam, arrastando essa mesma comendita, que não ficava para assistir a mais nenhum evento.» e que assim aqui se repete porque será?
      E que complementa com:
      « A única crítica real que penso pode ser apontada aos nossos editores é o facto de não apostarem na profissionalização dos autores nacionais. Mas, provavelmente, muito do que disse supra explica essa situação.» ou seja tadinhos dos editores, nem que quisessem não tem como dada a confrangedora incapacidades dos escritores que:

      « 1) Tendem a escrever em imitação daquilo que gostam;
      2) Demasiado jovens e sem conhecimentos de técnicas ou obras que lhes permitam construir uma narrativa coesa, elegante e de qualidade;
      3) Desconhecem a história e desenvolvimento do género em que escrevem e da literatura em geral.»

      É mesmo a desgraça total. Haja quem nos acuda.

      Mas não satisfeito:
      « Lamento se pareço demasiado negativo, mas vesti demasiadas peles neste Fandom (autor, crítico, editor, tradutor, divulgador, antologiador) para encarar todas estas situações com optimismo. Sobreudo porque continuo a ouvir todas as cabeças a enterrar-se na areia quando falamos de “qualidade”. De ouvir o que supra se disse, parece que a qualidade se limita ao gosto pessoal. Se esse fosse o caso, meus caros, todos seríamos autores, todos seríamos editores, todos seríamos críticos… e não haveria ninguém para nos ler.»

      E para dar o empurrão final vem a do grande educador:

      « Antes de tentar novas soluções, é preciso responder a duas perguntas:
      1) Que aconteceu ao Fantástico em Portugal. Para onde foram os leitores que abandonaram as colecções que existiam, onde estão os leitores de obras adultas de qualidade?
      2) Como educar os novos leitores para a leitura?
      Parece fácil, não parece?, mas tentem responder.
      E ao faze-lo, lembrem-se, nós estavamos lá quando tudo começou, vamos lá estar quando tudo tiver terminado.»

      Perante tudo isto, resta-me fazer algumas perguntas:
      Nós quem?
      Educar para ler, porquê?
      Como é que se ninguém lê e compra é que cada vez se editam mais livros, os editados tem várias edições e cada vez surgem mais editoras?

      Sem a intervenção do Joel Puga nada disto teria acontecido e teria sido uma pena.

  31. igdrasil diz:

    “não é possível, Roberto, por exemplo, incluir na mesma frase as palavras Filipe Faria e excelente sem cair no total descrédito dos nossos padrões de exigência”

    Confesso que reconheço ao Filipe Faria bastante potencial, apesar de não gostar dos seus livros ( a frase deveria ter a seguinte redacção:

    “Temos excelentes escritores em Portugal! Alguns são mais novos (no sentido de que editam apenas à alguns anos) como o Filipe Faria, com muito potencial e o Pedro Ventura (no que diz respeito à fantasia épica), com grande talento.”

    Não posso dizer se o Filipe Faria é ou não excelente, apenas li um livro da sua autoria e não pretendo ler muito mais. Contudo ele tem um público fiel que lhe reconhece bastante valor. Na literatura de Fantasia Épica gosto muito do Mundo de Goor do Pedro Ventura, que não faz colagem a nenhuma obra de Tolkien, GRRM, ou qualquer outra que conheça. Os clichés estão lá, mas tem grande originalidade, e a presença dos clichés não é necessariamente negativa.

    Sou mais Lovecraftiano que Tolkiano. Prefiro o Terror e os contos curtos de Ficção Científica (nem sempre de autores muito conhecidos entre nós, como Stephan Tall, Christopher Priest, Alan Dean Foster, Michael G. Coney, Charles Neutzel, entre outros) . Mas reconheço muito valor no “o futuro à janela” do LFS, no teu Steaks Barbares e “They sell Souls”, no Pedro Ventura, nos livros do David Soares, em alguns contos do Jorge Candeias, entre outros…

    São obras pontuais? São, é a mais pura das verdades! Não existe um grande mercado editorial Português de literatura fantástica? Não existe, efectivamente! Mas talvez sejam estas obras pontuais que daqui a três décadas sejam consideradas as tais raízes da literatura fantástica Portuguesa.

    Eu sei que tudo já foi tentado por vocês enquanto fandom (quando escrevo que não acredito em fandoms não quero negar a sua existência, apenas quero dizer que acredito em pessoas, não em movimentos, acredito muito em vocês enquanto pessoas, não por serem deste ou daquele grupo) e que não teve os resultados esperados. Mas talvez seja um caminho a percorrer de novo. Não me parece que exista neste momento uma editorea interessada em publicar uma antologia de contos de Terror, logo será através do e-book o caminho. A não ser que existam editoras que venham a demonstrar o seu interesse, quem sabe se o resultado não se torna suficientemente empolgante para “tentar” a livros de areia:) Quem sabe?

    “1) Que aconteceu ao Fantástico em Portugal. Para onde foram os leitores que abandonaram as colecções que existiam, onde estão os leitores de obras adultas de qualidade?

    2) Como educar os novos leitores para a leitura?”

    Pensarei nas respostas, mas não são, seguramente, questões de fácil resposta.

    O teu texto, tal como o da Saafa, traz uma luz profissional sobre o assunto, exactamente o que eu esperava e ansiava. Está então a discussão com um padrão de exigência maior, óptimo!

    Já agora: A Dagon está quase terminada, como sabes. Quanto aos contos: 3 de fantasia épica, 2 de Ficção Científica, 1 conto de terror(talvez 2)

    Talvez seja uma boa forma de começar…

    Já quanto à questão da qualidade penso que estás certo, é um elemento essencial desta discussão que tem sido um pouco descurado…

    Um abraço, e muito obrigado pela participação, espero que continues a participar.

    • Álvaro Holstein diz:

      «Eu sei que tudo já foi tentado por vocês enquanto fandom…»

      Eles são o fandom? Não me parece, mesmo!

      Já agora quem são eles?

  32. Isto de andar a discutir em dois blogues dá dores de cabeça, loool.

    Portanto, fica o que acabei de colocar no da Safaa, por achar que me certos pontos é relevante para aqui:

    Bom, aparentemente o optimista maior sou eu! 😛
    Realmente, sempre valorizei a paixão com que se cometem erros mas se fazem coisas. Sempre quis dar às pessoas a hipótese de melhorarem. Se a aceitam ou não, a decisão já é da sua total competência. Daí sempre ter achado que, demonstrando a perseverança de criar uma obra, e a temeridade de a lançar cá para fora, havendo um minimo de potencial (e aqui é onde a minha noção de qualidade minimina várias vezes divergia da da Safaa), a exposição no FF era uma mais-valia de evolução para o autor.
    Talvez estivesse errado. Talvez a atitude desdenhosa de algumas pessoas, não necessariamente as mais competentes, mas muitas vezes os “outros”, acabasse por ser contraproducente, criando logo ali uns anticorpos. Mas pronto, creio que saber encaixar criticas destrutivas também é uma lição de vida útil a um escritor.

    O fandom, como qualquer outro grupo de pessoas, é um misto de pessoas bem-intencionadas e mal-intencionadas, de pessoas educadas e de outras nem tanto, de pessoas abnegadas e de adoradores do seu próprio umbigo. Como qualquer outro grupo de pessoas com que interagimos, aprende-se com o tempo a lidar com cada um consoante o que nos demonstra.

    De resto, há tanto que deriva dos inúmeros debates que tenho tido com a Safaa que só lhe posso agradecer a companhia neste percurso, desejar-lhe as maiores felicidades no meio editorial, e esperar que continuemos a encontrar razões válidas, e visões de compromisso, para colaborarmos.

    Roberto:

    Há algo em que acho que te equivocas. O fandom não é um clube onde se entra por inscrição! Quando me envolvi com o “fandom”, não pedi licença para entrar. Fui começando por ouvir, aperceber-me do que eu próprio sentia falta que existisse, arregaçar mangas e fazer. É pelo que fazes que serás reconhecido como pertencendo ao fandom. Aliás, eu diria que tu já pertences, pelo menos para mim. Portanto, essa dos membros externos…
    Quanto aos méritos da discussão, certamente terá muitos. Mas quando, ao longo dos anos, se ouvem muitos processos de intenções, como eu e a Safaa temos ouvido, que depois são afogados em quesílias pessoais, dá-nos o benefício de mostrarmos sempre algum cepticismo quanto ao resultado prático das discussões.

    E ficam também os meus parabéns à Cristina, claro.

    Rui:

    De momento também eu tenho andado afastado do “fandom”, por compromissos profissionais, daí iniciativas como o Fórum Fantástico, com a Safaa, ou a Tertúlia Noite Fantástica, com a Sandra Rosa, estarem paradas. Pela mesma razão, tenho outros projectos na calha que ainda não arrancaram, um deles na área do cinema.
    Mas, o que interessará para essa tua questão, é que o Porto figura noutro dos meus projectos que penso lançar no último trimestre deste ano. Eu sei que o país não é só Lisboa e Porto, mas já daria o meu contributo para não ser só Lisboa em termos do fantástico 😉
    Serve isto para avisar que em breve vou precisar de toda a força e colaboração do pessoal a norte… 🙂

    Um abraço,
    Rogério

  33. JO diz:

    Após o que o senhor João Seixas escreveu acho que não há mais nada a acrescentar. Concordo em absoluto com tudo o que disse, incluindo as virgulas, os pontos finais e os parágrafos.

  34. Seixas:

    1) Para onde foram? E será que existiram?! Eram juvenis na Golden Age e, agora, ou se deixaram de coisas juvenis ou lêem fantasia, a mesma que os filhos lêem.

    2) Para educar os novos leitores? Talvez pelo cinema e pelos videojogos?!

    Desculpa, mas não resisti! 😉

  35. igdrasil diz:

    Jo : “Eu contra mim falo já que não comprei muitos livros dessa colecção já que sempre fui de opinião que um livro não é para ler e deitar fora, mas sim para ler e reler mais tarde. Logo, o livro tem que ter o minimo de qualidade e apresentação e não se desfazer após a primeira leitura.”

    Na minha opinião: mais vale uma má edição que nenhuma! Mas se puder ser boa, então óptimo!

    Rogério,

    “O fandom não é um clube onde se entra por inscrição! Quando me envolvi com o “fandom”, não pedi licença para entrar. Fui começando por ouvir, aperceber-me do que eu próprio sentia falta que existisse, arregaçar mangas e fazer”

    Percebo perfeitamente, tal como disse em resposta ao João Seixas,

    “quando escrevo que não acredito em fandoms não quero negar a sua existência, apenas quero dizer que acredito em pessoas, não em movimentos, acredito muito em vocês enquanto pessoas, não por serem deste ou daquele grupo” !

    “Quanto aos méritos da discussão, certamente terá muitos. Mas quando, ao longo dos anos, se ouvem muitos processos de intenções, como eu e a Safaa temos ouvido, que depois são afogados em quesílias pessoais, dá-nos o benefício de mostrarmos sempre algum cepticismo quanto ao resultado prático das discussões.

    Espero que não seja esse resultado inexistente aquele que vai sair daqui. Parece-me até que não o será, mas…

    “É pelo que fazes que serás reconhecido como pertencendo ao fandom. Aliás, eu diria que tu já pertences, pelo menos para mim. Portanto, essa dos membros externos…”

    Obrigado, contudo continuo sem perceber a essência dos “famdoms”… Tenho dificuldade em perceber como poderei pertencer a algo se não conheço 99 % dos elementos, apenas contigo já falei presencialmente e troquei alguns emails com outras pessoas…

    Ah, quanto à questão dos leitores que eram jovens durante a Golden Age, parece-me que não serão recuperáveis! A Golden Age enquadra-se, para mim, no período entre 1938 e 1946, mas ainda que admitindo a extensão aos autores dos anos 50, não estou a ver uma “Astounding Science Fiction” ou uma “Analog” portuguesa, nem uma forma de voltar às origens da Ficção cientifica de Campbell. Não penso que esses leitores voltarão a ler FC…

    Um grande Abraço

  36. Safaa Dib diz:

    JO,

    Com todo o respeito, a colecção azul da Caminho é uma coisa que já pertence a um passado equivalente à Pré-História. Muita coisa nova já se fez desde então e cada vez com maior qualidade.

    Agora existe um sem número de colecções (activas ou paradas) que constituem boas edições ou pelo menos que não envergonham as estantes de uma prateleira, desde as colecções da Presença, à da Gailivro, à da Bang!, a da TEEN (a nova colecção juvenil de fantástico da Saída de Emergência e que vai publicar três autores portugueses ainda este ano) passando por um sem número de romances que não estão integrados em colecções, e aqui destaco o trabalho da Casa das Letras e da Bertrand (quando não lhe dá para suspender uma série a meio).

    Longe vão os tempos das colecções de bolso mal traduzidas da Argonauta e da Europa-América!

    Seixas:

    Compreendo-te completamente e já temos tido esta discussão muitas vezes, mas há coisas em que tenho que discordar de ti, nomeadamente neste ponto:

    “Porque é verdade, os gostos não se discutem, mas educam-se. Ora, apreciando as raízes dos nossos leitores, é fácil discernir três factores mais ou menos constantes:

    1) Não conhecem mais do que aquilo que foi traduzido recentemente para português;
    2) São principalmente influenciados pelo cinema, pela BD e pelos videojogos;
    3) São pouco arrojados na procura de novas experiências de leitura.”

    Em relação ao ponto 1, não acho isso necessariamente negativo tendo em conta que há cada vez mais livros bons traduzidos para português. Ou esqueces-te do trabalho de tradutor que desenvolves para a SdE? Mas também há uma fatia de leitores que encomenda os livros todos na Amazon e os lê, pasme-se. Saberias disso se lesses mais vezes o fórum Bang!

    Em relação ao ponto 2, só é negativa a influência do cinema, BD e videojogos se os leitores se limitarem a essa linguagem. Porque de resto, tudo o que complemente boas leituras é positivo.

    No ponto 3 discordo de ti e remeto-te de novo a leitura do fórum Bang para veres como estás enganado. Tu tens consciência de que há pessoas que fazem colecção dos livros da Bang só por fazerem parte da Bang e por acreditarem na qualidade dessa colecção? Podem nunca ter ouvido falar em Tim Powers na vida, mas irão comprar o livro dele porque acreditam nos livros que fazem parte da Bang. É nestas coisas que te apercebes que há pessoas dispostas a dar-te ouvidos e a quererem as tuas recomendações. É essencial uma boa orientação e mostrar que há mais para além da grande muralha da fantasia épica.

    Nestes aspectos, acho que o teu pessimismo leva a melhor e preferes ser céptico até ao fim, mas até o próprio Luís Filipe Silva tem comentado comigo e reconhecido que há potencial (atente-se nas contribuições para passatempos) e há pessoas a escreverem bem e a lerem bem, podem é escolher não revelar-se em fóruns ou lançamentos.

    • Álvaro Holstein diz:

      A tua resposta aos três pontos sobre os leitores é excelente, não sei é se te fizeste entender.

      O preconceito demonstrado no ponto dois é assutador.

  37. Jorge diz:

    Roberto, uma notinha muito rápida a propósito de fandom.

    Fandom é o conjunto de fãs. Tu, pela simples atividade de consumires literatura fantástica já és membro do respetivo fandom. Ao produzires também conteúdos (e basta este blogue) tornas-te membro ativo do fandom, que é algo que só uma pequena fração dos membros do fandom realmente é. O nível seguinte será o de membro empenhado de fandom, que corresponde àquelas pessoas que vão a todas e que estão dispostas a desenvolver um trabalho e esforço consideráveis para levar alguma coisa avante.

    O fandom é relativamente vasto, ainda que a maior parte das pessoas que o constituem poucos outros membros conheçam. Às vezes, ainda bem. O fandom ativo é razoavelmente pequeno, embora nos últimos tempos tenha mostrado uma tendência interessante para se alargar e, mais interessante ainda, para se renovar com gente mais nova. Os factos são estes, digam os arautos da desgraça o que disserem. Estão à vista de todos em blogues e fóruns, e são salutares, embora eu pessoalmente preferisse que não só o crescimento, como a renovação, fossem mais rápidos. Especialmente se não caíssem nos vícios dos mais velhos e não se deixassem contaminar com certas atitudes.

    O nível que é realmente insatisfatório é o de membro empenhado do fandom. Aí é que se pode falar da meia dúzia de gatos pingados do costume, embora alguns dos gatos tenham ido deixando de pingar ao longo dos anos, e outros tenham começado a escorrer por aí. É insatisfatório, mas não se pode dizer que seja inesperado que assim seja: ser-se empenhado dá trabalho e infelizmente também tem tendência a dar chatices, por motivos que têm vindo a ser referidos ao longo desta conversa (e que a própria conversa deixou claros).

    Seria mesmo bom que os eventos contassem com mais gente, que mais gente colaborasse nos projetos que há por aí. Que mais gente produzisse e comentasse, ajudando a separar o trigo do joio. Que o fandom empenhado crescesse. Mas que não o confundam com o fandom em geral: são coisas muito diferentes.

  38. Olá a todos os que comentaram o meu comentário supra, concordando e discordando (especialmente ao JO, apesar de eu ter tropeçado em algumas vírgulas… é o que dá escrever sem mediação… ;)).

    Roberto:

    Não interpretes mal o que eu disse: todas as iniciativas são bem-vindas, pois quanto mais se escrever, mesmo de acordo com a Lei de Sturgeon, mais qualidade haverá no que se escreve.

    O “ingresso” no fandom já foi coberto pelo Rogério, pelo que se posso acrescentar que os rostos unem-se às vozes nos foruns e nos lançamentos, nos encontros e nos cafés. É assim aqui, foi assim no first fandom (e nós ainda temos a vantagem dos e-mails, eles tinham que se corresponder por carta).

    Quanto ao Filipe Faria, não acredito que aquilo que se diga possa ou deva ser corrigido por ajustes na formulação das frases. O Filipe Faria, com seis volumes publicados em cerca de sete anos, e a traduzir profissionalmente para a Presença já não pode ser avaliado em termos de potencial ou não. Deve ser avaliado em termos de qualidade: e isso é coisa que ele não tem. O sexto volume da saga de Allarya está tão mal escrito e estruturado quanto o primeiro. Obviamente, está um pouco mais polido, um pouco menos atabalhoado, mas continua incapaz de passar acima do grau mínimo de aceitabilidade em termos de escrita (independentemente do número de leitores e seguidores que tenha). Não li ainda o livro do Pedro Ventura, mas conto fazê-lo em breve, mas posso dar-te um outro exemplo: a Sandra Carvalho, que me pareceu uma autora bastante promissora, e que chegada ao terceiro volume da série se revelou incapaz de fugir à receita dos dois volumes anteriores.

    É outro dos defeitos do nosso “mercado de imitação”, o facto de os editores incentivarem jovens autores sem qualquer experiência a embarcarem em sagas de vários volumes, apenas para contar uma história que se conteria em apenas um ou dois.

    Uma última palavra apenas quanto ao fandom e o que fizemos enquanto tal: muito do que fizemos (e aqui assumo a soberba de me incluir no fandom no qual, de pleno direito, penso só ter entrado em 1999-2000) foi muito bom (algumas edições do FF, alguns dos livros publicados – A VERDADEIRA INVASÃO DOS MARCIANOS, o TERRARIUM, A SOMBRA SOBRE LISBOA, A GALAXMENTE – foram muito bons, algumas iniciativas editoriais foram muito bem intencinadas – a BANG! (revista e colecção), a LdA – alguns blogues de divulgação – O TECNOFANTASIA, por exemplo – foram excelentes; mas também fizemos muitas coisas mal feitas, muitos erros, muitos projectos que tombaram por quezílias inúteis. Mas, a verdade, é que mesmo enquanto houveram quezílas, foram fazendo-se coisas: alguns zangaram-se com o fandom e auto-excluiram-se para nunca mais serem vistos; outros fizeram-no mas embarcaram nos seus próprios projectos, com ou sem sucesso. Acho que é saudável que existam várias posições contraditórias no fandom: a Safaa acredita mais nos leitores do que eu; o Barreiros é totalmente anti-Heinlein, eu sou pró-Heinlein; o Rogério acredita em incentivar o potencial mesmo de autores mais medíocres (apesar de às vezes, como lhe aconteceu uma altura em determinado forum, ter sido insultado por uma dessas lovens luminárias que ele se atreveu a criticar “construtivamente” incentivando-o pelos seus esforços; há quem ache que as críticas devem ser docinhas, eu acredito que devem ser a doer (há que “destruir” o livro mal escrito, para aprender como foi ele feito, como diria o Damon Knight).

    O mesmo é dizer, o fandom somos todos nós, o que cá estavamos em 1984, quando se fez o grande ciclo de cinema de FC, os que estavamos em 1995 aquando dos primeiros encontros de Cascais, os que estavamos na FLUL em 2004 para o 1º proto-FF, os que estamos agora em blogues como este, o BELA LUGOSI, o RASCUNHOS, etc… Não existe uma unidade no fandom – apesar de haver um núcleo duro reconhecível, apesar de flutuante – pois o fandom são aqueles que sentem e manifestam entusiasmo pelo Fantástico.

    Safaa:

    Odeio este tipo de debate – que me fazem sempre lembrar os de outra pessoa – onde depois de se dizer algo, passamos o resto da discussão a debater o que se quiz ou não dizer.

    Parece-me que fui claro quando disse que aqueles 3 defeitos dos leitores não eram universais, mas que eram comuns a uma clara maioria de leitores. Antes de escrever isso, fui dar um salto ao Fórum BANG, precisamente por já termos discutido isso antes. Nota-se, desde logo, uma clara discrepãncia entre os números de posts relativos às obras do Martin, da Bishop e quejandos (na ordem dos 1000 posts por livro) e os de autores como o Simmons, o Powers, e outros que tais (20 e poucos posts). Desses, grande parte dos posts é da ordem de “parece interessante, vou por na minha lista de leitura”. Com as excepções do Martin e da Bishop, poucos discutem a qualidade da escrita, da tradução, ou do plot.

    O que não invalida que não haja outros – muitos, talvez – que não seguem esse padrão. E ainda bem. Eu e tu conhecemos muitos deles. Mas tu saberás até melhor do que eu, as discrepâncias em números de vendas de uns e outros autores. Os leitores do Fantástico, não são apenas os que aparecem no fórum da Bang. Que, aliás, é um espaço privilegiado para a criação de hábitos e gostos de leitura (como acredito que seja o BBDE, com ressalvas quanto a um e outro) e que é uma experiência pela qual a SdE deve ser parabenizada. Mas nisso, tal como no que toca a números de vendas (que nunca são divulgados) tudo são conjecturas e extrapolações de casos individuais. Quando tiveres números que confirmem as impressões que colhes no Fórum Bang podes usá-las como argumento. Mas assim, a frio, não.

    No que dizes em relação ao ponto dois, parece-me que estava subentendido no próprio ponto dois.

    Já no tocante ao ponto 3, mormente à afirmação, “Tu tens consciência de que há pessoas que fazem colecção dos livros da Bang só por fazerem parte da Bang e por acreditarem na qualidade dessa colecção?”, oferece-se-me fazer duas observações:

    1) Acho óptimo que assim seja. Mais ou menos como deveria acontecer nas colecões da Caminho e da Europa-América. O sentido de “colecção” é esse – é o de reunir um núcleo de leitores fixos que todos os meses adquiram os títulos dessa colecção, por partlharem dos critérios literários, temáticos ou de qualidade que a ela presidem.

    Como disse, acho isso óptimo. Mas… Vai um grande passo de comprar a ler. E um passo ainda maior o de continuar a comprar se a colecção aumentar demasiado. Como dizes, traduzem-se mais livros bons (olha que nem tantos, se quiseres comparar com os tempos em que tinhas Argonauta, Europa-América, Caminho, Contacto, Bolso Noite, etc.. em simultâneo) mas não se traduzem suficientes livros bons para permitir uma contextualização na história do género. Ou seja, mesmo que eles sejam lidos, são muitas vezes lidos in nihilo, sem estarem ancorados nos movimentos ou períodos em que foram publicados (a não ser que te refiras apenas a obras actuais, e então, nem sequer são tantas as que têm saído…).

    2) Po outro lado, o ponto chave: “(…) há pessoas que fazem colecção dos livros da Bang (…) por acreditarem na qualidade dessa colecção?”

    E que acontecerá quando se depararem com o MARCADA, por exemplo? Como defender que não é – nem de perto, nem de longe – um livro com a qualidade dos outros títulos da BANG? Se está na colecção BANG, tem que se bom… o Martin, e o Simmons, e o Powers também lá estão…

    Que a colecção BANG é uma das melhores apostas dos últimos anos em colecções de Fantástico é; criteriosa, cuidada, atractiva, etc… É talvez mesmo, a melhor colecção de fantástico ainda activa. Neste momento o MARCADA é uma nódoa numa toalha boa, mas se começarem a concentra-se demasiadas nódoas, a cor da toalha perde-se no meio de tudo aquilo, os padrões de qualidade dissolvem-se, e voltamos a esta aqui a discutir os gostos pessoais.

    Uma última nota quanto ao optimismo e ao pessimismo: como bem sabes, o meu pessimismo foi crescendo; acho óptimo que o do LFS não. Mas ele também fez parte de um juri de um concurso que teve que terminar sem atribuir prémio. Potencialidade? É possível. Acho que um autor que escreva em bom português e tenha um mínimo de jeito para contar uma história tem sempre potencialidades. Às vezes, tudo o que falta a um escritor mediano para se tornar num grande autor é encontrar “aquela” história para contar. Mas há um momento em que a potencialidade tem que ser convertida em actualidade. Ninguém quer morrer como sendo a perene jovem promessa do fantástico luso.

    Pelo que sei, alguns dos autores que não lograram vencer o Prémio Bang!, apesar de revelarem potencialidades, vão agora ser publicados na TEEN. Acho muito bem e um excelente incentivo. Assim se fazem as coisas. Se pelo menos um deles souber crescer em qualidade, a aposta foi ganha, e eu sou o primeiro a dar um pontapé nos fundilhos ao meu pessimismo. A SdE nos próximos tempos vai publicar mais duas antologias com autores nacionais. Mais uma exelente oortunidade para medirmos o pulso aos potenciais.

    Um abraço,

    Seixas

    • Álvaro Holstein diz:

      Será que o tom mais moderado terá a ver com isto:

      «Ou esqueces-te do trabalho de tradutor que desenvolves para a SdE?»

  39. Tenho por princípio não dar atenção a um certo tipo de pessoas que, a coberto de pseudo-pseudónimos, nada fazem para enriquecer os debates sobre o estado do fantástico. Mas já que o velho amigo – que em tempos o foi, ou quase – entendeu vir aqui dar mais um ar da sua inusitada falta de personalidade, não resisto a comentar o seguinte:

    “Mas estas tiradas arrogantes parecem ainda não ter aberto os olhos às hordas de iletrados patéticos que continuam a dar-lhe atenção e tempo de antena.”

    Como o Faraday Sally, não é Jor.. oops, Sally?

  40. Luís Rodrigues diz:

    Roberto:

    “Não posso dizer se o Filipe Faria é ou não excelente, apenas li um livro da sua autoria e não pretendo ler muito mais. Contudo ele tem um público fiel que lhe reconhece bastante valor.”

    Primeiro dizes que Filipe Faria é excelente (no post original), depois somente que tem potencial. Explicas que apenas leste um livro do qual não gostaste, e acrescentas que não pretendes ler muito mais. E eu agora pergunto: se não pretendes ler mais, como vais aferir que o potencial do Filipe Faria se concretiza? Como interessado no género, não achas que devias acompanhar a evolução da sua carreira?

    Posso ser um tanto ávaro na forma como distribuo os elogios, mas tu, bem pelo contrário, dás a impressão de louvar o que quer que te apareça pela frente. Afirmas fazê-lo neste caso porque o Filipe Faria tem um público que o valoriza, e eis um dos problemas que detecto no teu discurso: vejo-te incapaz de defender uma opinião realmente tua, uma opinião que não se enquadre no consenso do teu círculo de amigos, ou no que o teu último interlocutor te acaba de dizer. Não leves a mal apontar-te isto, mas esta inconstância nada te credibiliza, e se de facto procuras espírito crítico, não podes deixar que a tua apreciação seja influenciada e deturpada pelos amores e desamores de outras pessoas (sejam os dos fãs do Filipe Faria, sejam os meus ou os do João Seixas, ou os do Jorge Candeias, and so on . . .)

    É também por isso que não tens (ainda) a legitimidade necessária para assumir qualquer papel messiânico na literatura fantástica portuguesa, porque apesar do admirável entusiasmo para apresentar soluções e gritar “Em frente!”, não pareces saber muito bem em que direcção avançar.

    O que eu te peço é muito simples: que sejas o primeiro a adoptar o espírito crítico que há pouco pediste. Que formes as tuas opiniões pelo raciocínio e pela experiência, não porque te sintas na obrigação de agradar a um grupo qualquer, seja ele concreto ou imaginário.

  41. Jorge diz:

    Seixas, sabes qual é o teu pior defeito, mais ainda do que não teres uma gota de honestidade nesse corpinho enfezado? É pensares que toda a gente é completamente idiota.

    É que só um completo idiota deixaria aqui uma trollada sob pseudónimo (e pseudónimo que usa metade do título do seu livro, ainda por cima) e logo a seguir um post com o seu próprio nome.

    Não. “Faraday Sally” não sou eu. Nunca precisei de pseudónimos para te dizer na cara precisamente o que penso de ti. Mais depressa serias tu, para te fazeres de vítima e vires de novo empestar a discussão com as aldrabices habituais. Mas também não me parece que sejas: ao contrário de certa gente eu sei ler, e sei reconhecer estilos, ou falta deles. Aquele não é o teu. Tampouco é o meu.

    Quando for preciso desmascarar-te as falhas na personalidade e na inteligência, Seixas, fá-lo-ei sempre com o meu próprio nome, e sempre no meu próprio blogue, a menos que as circunstâncias obriguem a fazê-lo noutros sítios, como aqui e agora. Quanto a isso podes dormir descansado.

  42. igdrasil diz:

    “Primeiro dizes que Filipe Faria é excelente (no post original), depois somente que tem potencial. Explicas que apenas leste um livro do qual não gostaste, e acrescentas que não pretendes ler muito mais. E eu agora pergunto: se não pretendes ler mais, como vais aferir que o potencial do Filipe Faria se concretiza? Como interessado no género, não achas que devias acompanhar a evolução da sua carreira?”

    Luís, como já expliquei a frase deveria ser : “Temos excelentes escritores em Portugal! Alguns são mais novos (no sentido de que editam apenas à alguns anos) como o Filipe Faria, com muito potencial e o Pedro Ventura (no que diz respeito à fantasia épica), com grande talento.”

    “Posso ser um tanto ávaro na forma como distribuo os elogios, mas tu, bem pelo contrário, dás a impressão de louvar o que quer que te apareça pela frente. Afirmas fazê-lo neste caso porque o Filipe Faria tem um público que o valoriza, e eis um dos problemas que detecto no teu discurso: vejo-te incapaz de defender uma opinião realmente tua, uma opinião que não se enquadre no consenso do teu círculo de amigos, ou no que o teu último interlocutor te acaba de dizer.”

    Elogio tudo aquilo que sinto dever ser elogiado e todos os que na minha óptica o merecem, de acordo com o disposto no aritogo 26º da Constituição da República Portuguesa quando refere o “desenvolvimento da personalidade”. O Luís escolhe fazer o contrário, protegido pelo mesmo artigo.

    “É também por isso que não tens (ainda) a legitimidade necessária para assumir qualquer papel messiânico na literatura fantástica portuguesa, porque apesar do admirável entusiasmo para apresentar soluções e gritar “Em frente!”, não pareces saber muito bem em que direcção avançar.”

    Agradeço a crítica, farei com ela o melhor que souber. Quanto ao papel Messiânico, não tenho pretensões a ele!

    Roberto Mendes

  43. Safaa Dib diz:

    Uiii, isto aqui descambou de vez. Eu continuo no meu blogue. *Em fuga*

  44. igdrasil diz:

    Peço que voltemos ao essencial da discussão, por favor!

    Roberto Mendes

  45. Jorge diz:

    Roberto, seria muito esclarecedor para todos quanto à personalidade das pessoas envolvidas que divulgasses, como julgo que podes fazer, os IPs que fizeram os meus comentários, os comentários do Seixas e os do tal “Faraday Sally”. Podes fazer isso?

  46. Joel Puga diz:

    Não deixa de ser com alguma ironia que relembro que, longe destas quezílias dentro do velho fandom e entre o velho e o novo, vários autores (por sinal os mais conhecidos e comerciais) vão escrevendo e publicando as suas obras. Seja por terem decidido ignorá-las, ou por simples desconhecimento das mesmas.
    O mesmo acontece com os fãs, com eventos pontuais a surgirem em algumas regiões do país e grupos de fãs a juntarem-se em “organizações” completamente afastadas das já estabelecidas. Um exemplo disso será a recém formada (penso eu, ainda não tive oportunidade de olhar com atenção para o site deles) comunidade portuguesa da literatura fantástica http://www.literaturafantastica.pt.vu/

  47. Luís Rodrigues diz:

    “Luís, como já expliquei a frase deveria ser : “Temos excelentes escritores em Portugal! Alguns são mais novos (no sentido de que editam apenas à alguns anos) como o Filipe Faria, com muito potencial e o Pedro Ventura (no que diz respeito à fantasia épica), com grande talento.””

    Sim, eu percebi que a reformulaste. Só não percebo que cites o Filipe Faria como um autor “excelente” e “com muito potencial”, e expliques de seguida que só leste um livro dele, não gostaste e não pretendes ler mais. É que se isto é uma recomendação, vou ali e já venho.

    Tal como a “discordância” em relação ao que escrevi no SF Signal, e que no mesmo parágrafo da tua pretensa refutação admites que “provavelmente, […] não estará muito longe da realidade.” Que foram, sem tirar nem por, mas em português, as minhas palavras introdutórias. E eu fico a pensar, “Então em que ficamos?”

    E não precisas de invocar a Constituição, porque não te impeço de elogiares quem bem entenderes. Só te estou a alertar que “elogios” e “discordâncias” como os supracitados fazem mais mal do que bem — e não é a mim que prejudicam — e tornam esta discussão ainda mais frustrante do que se está a revelar, porque deixo de perceber aquilo que realmente queres dizer.

    Jorge, acho que todos acreditamos que o “Faraday Sally” não és tu. O que não queria mesmo era ver a discussão descambar para uma troca de galhardetes entre ti e o Seixas, que daí já vimos que não se aprende nada.

  48. Ok. Subscrevo por inteiro o último parágrafo do último post do Luís Rodrigues. Na verdade, não me interessa minimamente saber quem é o Faraday Sally. Se não é o Candeias, as minhas desculpas ao Candeias, se se puder esclarecer através dos IPs, tanto melhor. Claro que, se não for o Candeias, diz muito sobre a personalidade de quem resolveu vir aqui diminuir um debate que pode ser bastante importante para o futuro do Fantástico nacional.

    Entretato, e dispersando-nos um pouco mais, cá fica mais uma nota (ou duas) que pode(m) contribuir para esta discussão, revelando, penso que eloquentemente, o que mudou, o que se prometia e o que se frustrou entre 2001 e o presente:

    http://spaceshipdown.blogspot.com/2009/07/uma-estranha-forma-de-vida-o-fandom-1.html

    http://spaceshipdown.blogspot.com/2009/07/uma-estranha-forma-de-vida-o-fandom-2.html

    Abraços,

    Seixas

  49. Jorge diz:

    Luís, a acusação foi feita, e eu limitei-me a dar-lhe resposta. Resposta essa que está dada. Qualquer insistência que venha a haver será por mim remetida para um post de duas linhas que pus na Lâmpada há uns dias.

    Mas gostava MESMO de ver os IPs.

  50. igdrasil diz:

    Faraday Sally: 82.102.95.102

    Jorge: 89.180.111.147

    Sinceramente não sei como mas o comentário desapareceu.

    Fica aqui a prova que os IP’s não coincidem!

    Um abraço

    Roberto

  51. igdrasil diz:

    João Seixas: 93.102.92.107

    Desculpem a demora mas estava em viagem, e portanto sem acesso à Internet.

  52. E já agora, é possível saber se aquele IP do Faraday já alguma vez postou por aqui antes, e com que nome?

    Obrigado,

    Seixas

  53. Ai, ai.

    Ora deixa cá consultar a minha bola de cristal…

    mmm, os espíritos trancados na bola segredam-me que o Candeias usa… a Novis, o Seixas está ligado à… Optimus, e que o nosso amigo Faraday Sally mora em… Chipre!

    Para quem aqui faz dos IPs uma religião, fica a saber que IPs também se falsificam. Ora agora, Seixas, é só pensares em alguém do teu passado (deverei dizer até… associativo?!), com uma relação intima com computadores, com conhecimentos técnicos para apagar o post mesmo não sendo administrador (porque me parece que poucos ou nenhuns dos administradores te conhecem desse tempo), e terás a tua resposta.

    Terás a resposta, mas não terás perdão. Claramente o texto nunca me pareceu do Candeias. Tem algo que o Candeias não tem, e falta-lhe algo que o Candeias tem aos montões (caracteristicas que evito enunciar aqui, quem o conhece perceberá). Tu deverias ter visto isso à primeira. Embora, tendo em mente a ultima troca bladerunner-lampadamagica, existem circunstâncias atenuantes, looool. Ou seja, desculpado, mas ainda não perdoado!
    E a Safaa é testemunha que antes do IPgate já o meu palpite ia no mesmo sentido que vai agora! Eu só não ganho o Euromilhões! 😛

    Mas claro eu também posso estar errado. E, despistando já possíveis causas psicológicas, já que parecem tanto na moda, fui espreitar o meu IP e até começa com 3 numeros. Uf, que alívio! Ou será que eu o falsifiquei sem dar por isso…

    • Luís Rodrigues diz:

      Roger, eu cá não confiava demasiado nos IP locators, porque a acreditar neles, estaria agora em Faro.

    • Jorge diz:

      Novis ou clix, sim. A faturação é feita à clix, mas os IPs estão atribuídos à novis, por motivos lá da estrutura interna da sonaecom.

      E ninguém faz dos IPs uma religião, mas em situações como estas, de ataque pessoal calunioso, insultuoso e não provocado, são uma maneira de ter alguma ideia da verdade.

      Aliás, se alguma coisa teve isto de bom foi precisamente mostrar a quem não é cego, com toda a clareza, quem é que começa a atacar quem, quem diz uma coisa e o contrário em em intervenções sucessivas (primeiro acusa-me de ser o Faraday Sally, logo a seguir “subscreve por inteiro” um parágrafo que afirma que todos acreditam que eu não sou o Faraday Sally e que se manifesta contra trocas de galhardetes entre mim e o seixas, e no dia seguinte volta à troca de galhardetes com expressões como “as palavras zurram por si”, “estilozinho carroceiro para um estilozinho escroque”, e etc.); primeiro diz que não lhe interessa minimamente saber quem é o Faraday Sally, logo a seguir pede para que lhe digam “se aquele IP do Faraday já alguma vez postou por aqui antes, e com que nome”), enfim, quem tem carácter e quem não o tem.

      É claro como água. Nem vale a pena fazer mais comentários.

  54. Joel,

    Obrigado pelo link. Como disse, acho essencial que se criem vários “locais”. Embora continue a achar que a isso se deveria juntar um cruzamento entre todas essas “organizações”, como lhe chamas.

    Entretanto, através desse, descobri outro forum, este dedicado ao terror, o que acho ser um caso ainda mais raro.

    Fica a referência:
    http://forumdacamara.forumeiros.com/

    PS: Rui, já conhecias?

    • Estão a ver? Está melhor treinado que os bichanos do Pavlov.

      Não devia dar atenção, mas gosto de os ver a fazer truques. Se calhar mandava-o ir ler os tuítes dele de ontem à tarde para dizer a verdade sobre quem começa com os insultos, mas é capaz de ter mais piada vê-lo a dizer que tinha logo identificado o estilo como não sendo o meu, e depois andar a mendigar pelos IPs e a perguntar se havia aqui psiquiatras que lhe tratem a monomania. Não, não há, golden boy. Vai lá actualizar a wiki que aquilo está muito parado…

      • Jorge diz:

        Para quem não sabe, depois do ataque pessoal calunioso, insultuoso e não provocado, chamei-lhe no twitter “o maior asno da FC portuguesa”. DEPOIS de me ter insultado aqui, ligando-me caluniosamente à trollada do Faraday Sally da maneira que está visível a todos lá acima, e deitando esta discussão para a mais completa sargeta, que é o seu habitat natrural, chamei-lhe algo que é evidente que é: um asno. Não antes: DEPOIS.

        A verdade sobre quem começa SISTEMATICAMENTE com os insultos e as provocações é esta. E a verdade sobre quem é um mentiroso patológico que é incapaz de ter UMA intervenção que seja onde não tente distorcer a realidade dos factos está também clara e evidente.

        Basta. Seguir-se-ão sem dúvida mais aldrabices, mas eu vou lavar as mãos deste lodo abjeto.

  55. Rogério!

    Sim, sei a quem te referes. Foi o meu segundo palpite logo após o menino de ouro se ter manifestado. Também procurei a localização do IP e também me deu uma posição no Chipre. Mas ao mesmo tempo, estava a dar-me o meu IP correcto, mas numa localidade que nem sei onde fica.

    Quanto ao “erro” na identificação do autor pelo conteúdo, foi um de mero reflexo. Por muitas coisas que uns e outros tenham em comum ou lhes falte, havia um ponto denominador comum: o ataque pessoal sem rebater de argumentos.

    No mais, e por muitos defeitos que o menino d’ouro tenha (e serão, certamente, mais do que os que eu lhe reconheço) um que nunca lhe atribuí foi ser burro (no sentido da dicotomia mentecapto/chico esperto, porque quanto ao da ineligência, as palavras zurram por si… sobretudo no tuíter): se ele quisesse dar o seu costumeiro arzinho sob pseudónimo (não seria a primeira vez, como sabem os leitores do BBDE) nada o impediria de alterar o seu estilozinho carroceiro para um estilozinho escroque. Mas principalmente porque – pensei – quereria que TODOS soubéssemos que era ele, sem ter que se rebaixar a dar-me atenção. Sobretudo porque ele disse no blogue dele que não mais se dignaria responder-me, mas parece que não me consegue tirar da cabeça (vão ver um comentário dele em breve a responder a isto – não vale a pena, golden boy, contento-me com as referências na lâmpada e no tuíter, locais que não frequento e onde podes montar o circo sem assistência).

    Mas enfim, não falemos de quem pouco releva e ponderemos antes nas intenções de quem cobardemente veio procurar acirrar nova discussão, e quais os interesses que esse indivíduo possa ter quanto ao crescimento e desenvolvimento da FC em Portugal.

    Abraços a todos,

    Seixas

    • Opá, quanto a esse “amigo embuçado” não há que perder (mais) tempo. Há muito que deixei de tentar dar interpretações racionais a actos de pessoas irracionais.

    • Jorge diz:

      BBDE? O sítio onde toda a gente usa pseudónimos porque é essa a filosofia da coisa? Ena, que exemplo inteligente, esse.

      Sim, usei um pseudónimo no BBDE. Sempre o mesmo. E os gestores da coisa, incluindo a pessoa com quem tive as maiores discussões, sempre souberam exactamente com quem estavam a falar: inscrevi-me no fórum com o endereço de email que uso todos os dias.

      Também uso um pseudónimo no Cantinho dos Livros. Que assim que me inscrevi foi identificado com o meu nome verdadeiro.

      Não consegues mesmo evitar mostrar-te como és, pois não Seixas?

    • “Basta. Seguir-se-ão sem dúvida mais aldrabices, mas eu vou lavar as mãos deste lodo abjeto.”

      Só ficam limpas até voltares a tocar no teclado. Eu compreendo que e difícil lavares por dentro.

  56. Luis:

    São pouco fiáveis em localização qd passam por ISP, mas a esse identificam-no bem.

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