Voltam as Vinhetas, agora que o trabalho me deixa respirar um pouco! Uma por dia durante toda a próxima semana…Quem não sente um pouco de saudades de ler uma boa vinheta sobre a Vollüspa?
As Perguntas que Atormentavam Pavel Karelin
por Joel Puga
Pavel Karelin entrou, expectante, no templo erguido no centro do fórum de Bracara Augusta. Durante meses viveu na cidade, tentando ganhar a confiança da alta sacerdotisa. Agora, esse investimento dava, por fim, frutos.
Seguiu a mulher para trás do altar, onde se escondia uma porta baixa e estreita. Através desta, chegaram a um pequeno quarto cheio de prateleiras, sobre as quais se amontoavam dezenas de rolos de papiro e pergaminho.
– Aqui tens – disse a sacerdotisa, passando um para as mãos de Pavel.
Ele desenrolou-o. Estava escrito em latim, o que não era um problema. Pavel estudara vinte e três línguas, e latim havia sido uma das primeiras. Porém, nem sequer era necessário perceber a língua para ler o título. Vollüspa. Encontrara-a mais uma vez. Um formigueiro cresceu-lhe no estômago conforme lia o texto e confirmava que este continha as mesmas histórias de sempre.
Este texto, este conjunto de contos, aparecia repetidamente ao longo da história da humanidade, em diversas línguas e formatos. Pintado nas paredes de cavernas durante a pré-história; gravado em arenitos no antigo Egipto; escrito em códexes da dinastia Ching; desenhado em revistas de BD americanas dos anos quarenta. No dealbar do século vinte e dois, foi transmitido directamente para as mentes de todos aqueles que se encontravam ligados à Rede. Foi achado até em Marte, em forma de livro e escrito em inglês, pela primeira expedição humana a lá chegar.
Qual a importância destas histórias para aparecerem tantas vezes no registo histórico? Quem as escreveu? Que poder as havia disseminado assim, ao longo dos tempos e em locais tão afastados uns dos outros? Seriam as suas intenções malignas ou benignas? Eram estas as perguntas que atormentavam Pavel Karelin, viajante no tempo.